Conhece os números da sua empresa?

Acabou-se o tempo que os números eram só para os contabilistas. A empresa é sua e existem números que têm de estar sempre presentes na sua cabeça e têm de ser considerados nos momentos de tomada de decisão. Como refere Peter Drucker “se não consegue medir, não consegue gerir”.

Se conhece as contas da sua empresa e está atento ao seu desempenho, este artigo vai permitir que reveja alguns conceitos ou, quem sabe, dar a conhecer novos indicadores que poderá calcular.

Por outro lado, se tem gerido a sua empresa sem tomar atenção aos desempenhos quantitativos começo por desafiá-lo a conhecer 5 indicadores que lhe vão fornecer informação importante acerca do desempenho da sua organização. É impressionante como os números trazem muito mais informação do que imaginamos.

  1. Margem EBITDA

Margem EBITDA=EBITDA/Volume de negócios

A Margem EBITDA permite apurar a rendibilidade das vendas da sua empresa sem ser afetada por financiamentos, amortizações/depreciações e provisões ou por impostos. Ou seja, quanto está realmente a ganhar com o seu negócio. A interpretação deste indicador indica-lhe quantos euros está a ganhar, ou a perder, por cada euro vendido.

Este indicador é utilizado por empresas de sucesso na definição dos seus objetivos anuais.

  1. Liquidez

Liquidez geral= Ativo Corrente/Passivo Corrente

Este rácio é utilizado frequentemente pelos bancos quando lhes são solicitados empréstimos de curto prazo. O ativo corrente de uma empresa será aquele que a empresa transforma em dinheiro no prazo de um ano e, por outro lado, o passivo corrente é aquilo que a empresa terá de pagar no mesmo período temporal.

Tradicionalmente assume-se que o ideal será o rácio de liquidez ser superior a 1, no entanto, essa afirmação só pode ser considerada verdadeira se não se verificar o princípio de continuidade da empresa. Caso contrário, empresas com rácios de liquidez que não se aproximem de 2 poderão ter problemas na gestão de tesouraria.

Caso a sua empresa apresente um elevado valor de inventários e não se espera que estes se transformem em liquidez no curto prazo, substitua o rácio da liquidez geral pelo de liquidez reduzida. Será uma análise mais adequada e útil.

Liquidez reduzida= (Ativo Corrente-Inventários) /Passivo Corrente

  1. Autonomia-financeira

Autonomia Financeira= Capital Próprio / (Capital Próprio + Capital Alheio)

A famosa autonomia financeira torna-se fundamental para perceber a potencialidade do crescimento sustentável da sua empresa. Caso o rácio deste indicador seja inferior a 25%, no geral, pode associar-se uma elevada probabilidade da empresa, no futuro, entrar em insolvência.

Este tipo de indicador mede o grau de endividamento da empresa e é também muito utilizado pela Banca para análise de créditos a conceder.

  1. Auto Financiamento Bruto (AFB)

FB=Resultados líquidos + rubricas de gastos (-rendimentos) sem associação a fluxo de caixa*

*Rubricas de gastos sem associação a fluxo de caixa são itens de natureza puramente contabilística, como são exemplo as amortizações, provisões ou perdas por imparidade. No mesmo sentido, em relação aos rendimentos sem associação a fluxos de caixa tem-se reversões de amortizações, provisões ou de imparidades.

Este indicador permite-lhe perceber qual o montante disponível para financiar internamente os projetos para a sua empresa.

Montante disponível no fim do período=AFB-Necessidades de fundo de maneio*

*As necessidades de fundo de maneio representam as despesas ligadas ao ciclo de exploração, pagamento de fornecedores de matéria-prima e de serviços externos e pagamento a pessoal.

Assim sendo, ao deduzir as necessidades de fundo de maneio ao AFB obtêm-se os meios disponíveis para decisões estratégicas como sendo a aplicação em investimento de ativos fixos, distribuição de dividendos ou liquidação de dívidas financeiras.

  1. Período de recuperação da dívida

Período de recuperação da dívida= Dívida Financeira total /Auto Financiamento Bruto

Quando um analista de crédito pretende analisar a capacidade de cobertura de divida da empresa em termos mais prospetivos do que históricos utiliza o rácio acima referido. Este rácio permite-lhe obter uma estimativa do número de anos em que a empresa conseguirá pagar as suas dívidas, admitindo constante o desempenho operacional e financeiro.

Por fim, importante será realçar que ao analisar a estrutura financeira da sua empresa está a olhar para o passado. Tenha em atenção que o meio envolvente de uma organização, estando em constante mudança, exige uma adaptação dinâmica da estratégia da sua empresa, afetando o seu desempenho económico-financeiro.

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por Mariana Roque

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